Era 11 de setembro quando acordei e todos os jornais só se falavam das notícias sobre os aviões que haviam chocado nas torres gêmeas do World Trade Center em Nova York. Eu já havia visitado as torres alguns meses atrás, logo após ter chegado aos Estados Unidos. O medo e o panico predominou as cidades vizinhas e eu morava há pouco mais de uma hora de Manhattan. Ninguém sabia ao certo oque fazer. Nos noticiários passou a circular notícias sobre a hipótese de um vírus enviado nas cartas pelos correios e fomos advertidos a não abrir-las. No Brasil nós temos medo de ladrões e assaltantes, mas aquela situação era um enigma e ninguém sabia ao certo oque fazer. Me lembro que na faculdade esse era o tema que predominava em todas as matérias. Na época eu já fazia o curso de administração de empresas na faculdade e após passar por vários empregos e trabalhar um ano e meio em uma fábrica de tecidos, decidi aceitar a vaga de garçonete em tempo integral num restaurante italiano. Foram dias incríveis. Nos divertíamos muito tanto com os clientes quanto nos bastidores. Éramos a maioria jovens e estudantes e passamos a nos reunir atrás do restaurante para beber e bater papo. É claro que alguns fumavam maconha que é um hábito bem normal entre os jovens americanos.
Na faculdade me espantei com a maneira que as alunas se vestiam. Estavam sempre de pijamas e pantufas e eu achava aquilo tudo um pouco estranho.
No ano seguinte a minha melhor amiga do Brasil decidiu que iria tentar a chance e também morar nos Estados Unidos. Rose, veio pelo México atravessando o deserto e a perigosa fronteira do Arizona. Confesso que ela me deu muito trabalho no começo, pois como a maioria das pessoas que chegam nos Estados Unidos achando que o processo de ficar rico seria tudo muito fácil e rápido, ela também pensou que assim seria. Logo que ela chegou, começou um relacionamento com um rapaz americano e eu me tornei a tradutora deles. Me sentia super constrangida. Um dia ela decidiu fazer um jantar para o rapaz e ficou irritada porque minha colega de apartamento não quis ir ao supermercado com ela comprar os ingredientes para o jantar. Uma coisa que brasileiros não entendem é que os americanos não fazem favor a ninguém. E não é porque eles são ruins, é simplesmente porque não é da cultura deles.
Passamos a curtir a vida como duas turistas. Viajamos juntas para vários lugares. Como roteiro era o Brazilian day em Nova York, Las Vegas, California e até dirigi 10 horas de Pennsylvania a Kentucky para encontrar uma amiga.
Passamos a ir a Nova York em muitas baladas e bares. No começo foi divertido mas no fundo eu sabia que esse não era meu objetivo nos Estados Unidos. Eu sentia falta de amor, de carinho e de uma família. Me sentia muito só.
Rose se casou com um americano que ela conheceu em uma dessas baladas e se mudou para Flórida. Eu comecei um relacionamento com meu atual esposo. Sempre senti a necessidade de ter uma família, de ter um lugar, de ser amada. Abracei a família dele como se fosse minha, mas eles não estavam preparados para me aceitar como parte da família deles. Me casei 5 anos após minha chagada nos Estados Unidos e foi uma evento com mais de 100 convidados com direito a festa, limousine, e até cobertura do jornal.