Um sonho americano by Luciane Vaz

Coragem para adaptar

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Equanto olhava pela janela observei a paisavem da cidade mais populosa da America do norte. O avião iria pousar em alguns instantes e já era aproximadamente as 9:10 da manhã. O meu vôo havia sido longo, com escala em Santa Cruz de la Sierra na Bolivia e Pananá city. O percurso foi escolhido por ser mais em conta pois um vôo direto custaria o dobro do valor. As despesas coloquei no cartão de crédito do meu pai e sabia que em breve teria que pagar aquela conta. Desci do avião e vi aquele aeroporto gigante com pessoas falando vários idioma e me senti como uma extraterrestre chegando de Marte. Nem imaginava que a Cidade do México era tão encatadora. Fiquei ali admirando como as pessoas falavam um espanhol perfeito e observando a estrutura do aeroporto, tudo parecia gigantesco. Assim que peguei meus pertences e passei pela alfândega, me aproximei ao guichê da próxima compania aérea que faria o voo à cidade de Monterrey. Foi ali que senti um orgulho enorme de mim mesma, finalmente iria praticar pela primeira vez o espanhol cursado no meu último ano do segundo grau.

Monterrey era a cidade que eu havia escolhido para passar meus próximos 5 anos estudando medicina e concretizar um sonho de infância. Ser médica era mais que um sonho, era uma maneira de ser importante, e eu queria muito ser importante. Havia tido  uma infância difícil e essa era a minha única oportunidade de dar a volta por cima. Mas como vocês devem saber, nem todos os sonhos realmente acontecem do jeito que a gente planeja. Logo nas primeiras semanas eu já percebi que a minha estadia no méxico seria por pouco tempo.

Os dias que se passaram em Monterrey ocorreu como planejado, me inscrevi na faculdade de Medicina e fiz amizades com dezenas de outros estudantes universitarios brasilieros e Porto Riquenhos que moravam ali. O calor era infernal e por algumas vezes pensei como seria possível ter um lugar mais quente que Cuiabá.

A cidade de Monterrey é localizada aproximadamente ha 3 horas da fronteira dos Estados Unidos. No verão, a maioria dos estudantes extrangeiros viajavam para o território Americano à fim de trabalhar para ajudar com as mensalidades da faculdade. Não era nada fácil comer tacos picantes o semestre inteiro, assim que pelo menos podíamos comer MC Donalds durante o verão.

Decidi então trancar a matrículada da faculdade e tentar um visto para os Estados Unidos. Na época, a meta era passar 6 meses trabalhando para poder conseguir o suficiente e pagar o próximo ano da faculdade. A idéia era ir para Miami porém, nos últimos dias, meu irmão decidiu ir para o estado da Pensilvânia, próximo a Filadélfia.

Pegamos um ônibus de Monterrey até San Antônio e passamos dois dias viajando. A passagem pela imigração foi tranquila por ter visto de estudante do México.  No percurso, eu ficava observando a paisagem e os carros modernos, realmente era uma realidade muito diferente da que eu havia vivido no Brasil. Meu coração mal podia conter a emoção quando passei pela cidade de Nova Iorque. Foi a primeira vez que vi aquela cidade de perto e realmente Manhattan era incrível. Observei como era grande e Moderna e imaginei como seria viver num lugar como aquele.

Chegamos na Rodoviária de Allentown no estado da Pensilvânia no final da tarde e ficamos hospedados na casa de uns amigos do meu irmão, porém logo tive que procurar um outro lugar para ficar. Consegui um trabalho numa fábrica de roupas onde eu ganhava 5 USD a hora. O salário mal dava pra pagar o aluguel do quarto alugado onde eu morava.

Meu irmão passou o verão comigo, mas logo retornou ao México. E os dias que se seguiram eram frios e solitários. Percebi que meu inglês era muito pior do que eu havia imaginado. E ficava pensando como eu conseguiria voltar ao México para continuar meu curso de medicina.

O frio era um dos piores obstáculos na minha vida. Porém a solidão também me fazia uma pessoa depressiva. Os dias cinzas e a neve que começaram a cair no inverno era deprimente. Oh! Como eu sentia falta das minhas amigas, da vida que eu tinha no Brasil, da minha família, da minha avó. Passava horas no parque sozinha escrevendo cartas que nunca foram enviadas. As vezes as lágrimas caiam enquanto caminhava de volta à casa do trabalho. A solidão era muito intensa.

O inverno na Pensilvânia é bem severo e por muitas vezes escorreguei nas calçadas logo após a neve cair. Durante muitas vezes eu perguntava se tudo aquilo estava valendo a pena. Eu não entendia por que Deus havia me colocado naquela situação e num país distante onde eu não falava o idioma, não tinha amigos, não conhecia ninguém, não tinha família. E ainda fazia um trabalho que, com certeza não era o que eu gostaria de fazer pelo resto da minha vida.

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